quinta-feira, 2 de junho de 2022

LUIZ DE OLIVEIRA CAMPOS



 

Luiz Campos passou por diversas profissões antes de se tornar cantador e poeta. Sua primeira cantoria foi em Pedreiras, no estado do Maranhão, em 7 de setembro de 1963. Cantou em várias emissoras de rádio, em festivais e congressos de violeiros, ao lado de nomes como Ivanildo Vilanova, Otacílio Batista e Geraldo Amâncio

Eu não acreditava que ele iria embora agora. Mossoró perdeu muito, e o reconhecimento do poder público não existiu, pois nos momentos mais difíceis da vida dele quem estava do lado eram os poetas, do maior ao menor", destaca Nildo da Pedra Branca.

Francisca Campos, também filha de Luiz, a única oficialmente registrada como tal, também esteve presente no velório e enterro. "Desde pequena acompanhava o trabalho do meu pai. Nesse momento a gente sente só tristeza. A doença começou com ele sentindo uma dor nas costas, tudo que comia colocava para fora. Os médicos suspeitavam de câncer, fizeram uns exames e foi detectado um caroço no esôfago, o caso foi se agravando, a doença não foi confirmada, mas estava quase certa. Fui ontem (terçafeira) visitá-lo, já tinha certeza de que ele não iria resistir, estava muito cansado, mas conversou comigo, apertou minha mão. Há oito dias ele me pediu para eu zelar pelo meu marido e considerei aquilo como uma despedida", relembra, tendo suas palavras complementadas pela filha Isaete Xavier, neta de Luiz Campos. "Ele vai deixar muita saudade. Tenho livros dele na minha casa, sempre tive muito orgulho do meu avô, era um homem muito admirado não só pela família, mas todos que o conheciam".


PATRIMÔNIO CULTURAL

Considerado Patrimônio Vivo da Cultura Popular Potiguar, título obtido através da Lei nº 9.032, de 27.11.2007, de autoria do deputado estadual Fernando Mineiro. "Tenho orgulho em poder ter contribuído, pelo menos por um tempo, para amenizar o sufoco pelo qual Luiz passava. Agora, a cultura do Rio Grande do Norte está mais empobrecida, é uma perda lamentável", comenta Fernando Mineiro.

O poeta mossoroense era filho do operário João de Oliveira Campos, natural de Martins, e da dona de casa e rezadeira Maria de Oliveira Campos, natural de Governador Dix-sept Rosado. Começou a escrever cordel por influência do tio, Raimundo Lopes, que era cantador profissional produz, na íntegra, um dos poemas mais famosos escritos por Luiz Campos:

FONTE O MOSSOROENSE


LUIZ DE OLIVEIRA CAMPOS

 



Autor de vários trabalhos poéticos, Luiz Campos tem duas poesias que se tornaram clássicas como “Me enganei com Minha noiva” e “Carta a papai Noé”.

Mas ele não ficou só limitado a estes dois trabalhos. Ele é autor das poesias “Vendedora de tabaco”, “Tragédia da minha vida”, “O velho Deus da fome”, “Político mentiroso”, “Sonhei acordei frustrado”, “A vitória de Mossoró no ano de vinte e sete”, “Suicídio lento”, “Vítimas do destino”, dentre outras. A maioria sendo críticas sociais brasileiras, mesmo ele não participando de nenhuma ideologia partidária. Luiz Campos conseguia questionar o submundo dos pobres e o domínio dos ricos com crime da opressão do homem pelo homem.

Luiz Campos faz parte do rol de escritores da Coleção Mossoroense. Além de cordel publicado com o seu selo, Crispiniano Neto escreveu um livro intitulado “Poesria com Luiz Campos”, volume 829 – série C, mostrando vários trabalhos de Luiz em vários momentos da sua vida.

Sua morte foi muito sentida no meio artístico potiguar. Mas suas poesias continuam brilhando Brasil afora.

Assista Luiz Campos recitando um dos seus clássicos “Cartas de Papai Noel” acessando pelo link https://www.youtube.com/watch?v=S9nqVdrpbKo e acompanhe abaixo a belíssima poesia:

LUIZ DE OLIVEIRA CAMPOS

 



MARTINS-RN, 11 DE OUTUBRO DE 1939 – MOSSORÓ-RN, 13 AGOSTO DE 2013

 Ou simplesmente, Luiz Campos. Sucesso gravado pelo, também poeta, Amazan.

É considerado um dos grandes poeta da cantoria nordestina.

Luiz Campos nasceu em MARTINS e viveu por muitos anos, no bairro Lagoa do Mato, na cidade de Mossoró o mesmo de Antônio Francisco. Nasceu quando a lagoa que deu nome ao bairro ainda existia.

Ele foi considerado Patrimônio Vivo da Cultura Popular do Rio Grande do Norte, pela LEI Nº 9.032, DE 27 DE NOVEMBRO DE 2007 , de autoria do deputado estadual Fernando Mineiro do PT.

FONTE - JORNAL O MOSOROENSE

quarta-feira, 1 de junho de 2022

CARTA A PAPAI NOÉ

 



Seu moço eu fui um garoto
Infeliz na minha infância
Que soube que fui criança
Mas pela boca dos outo.
Só brinquei com os gafanhoto
Que achava nos tabuleiro
Debaixo dos juazeiro
Com minhas vaca de osso
Essa catrevage, sêo moço
Que a gente arranja sem dinheiro.

Quando eu via um gurizin
Brincando de velocipe
De caminhão e de gipe
Bola, revólver e carrin
Sentia dentro de mim
Desgosto que dava medo
Ficava chupando o dedo
Chorando o resto do dia
Só pruquê eu num pudia
Pegar naqueles brinquedo.

Mas preguntei uma vez
A uns fio de dotô
Diga, fazendo um favô
Quem dá isso pra vocês?
Mim respondeu logo uns três
Isso aqui é os presente
Que a gente é inocente
Vai drumí às vêis nem nota
Aí Papai Noé bota
Perto do berço da gente.

Fiquei naquilo pensando
Inté o Natá chegá
E na Noite de Natá
Eu fui drumi mim lembrando
Acordei fiquei caçando
Por onde eu tava deitado
Seu moço eu fui enganado
Que de presente o que tinha
Era de mijo uma pocinha
Que eu mermo tinha botado

Saí c’a bixiga preta
Caçando os amigos meu
Quando eles mostraram a eu
Caminhão, carro e carreta
Bola, revólver, corneta
E trem elétrico, até
Boneca, máquina de pé
Mas num brinquei, só fiz vê
E resolvi escrevê
Uma carta a Papai Noé.

“Papai Noé, é pecado
Os outro se matratá
Mas eu vou le recramá
Um troço que tá errado
Que aos fio de deputado
Você dá tanto carrin
Mas você é muito ruim
Que lá em casa num vai
Por certo num é meu pai
Que num se lembra de mim.

Já tô certo que você
Só balança o povo seu
E um pobe qui nem eu
Você vê, faz qui num vê
E se você vê, porque
Na minha casa num vem?
O rancho que a gente tem
E pequeno mas le cabe
Será que você num sabe
Qui pobe é gente também?
Você de roupa encarnada,
Colorida, bonitinha
Nunca reparou que a minha
Já tá toda remendada
Seja mais meu camarada
Prêu num chamá-lo de ruim
Para o ano faça assim:
Dê menos aos fio dos rico
De cada um tire um tico,
Traga um presente pra mim.

Meu endereço eu vou dá,
Da casa que eu moro nela
Moro naquela favela
Que você nunca foi lá
Mas quando você chegá
Que avistá uma paióça
Cuberta cum lona grossa
E dois buraco bem grande
Uma porta véia de frande
Pode batê que é a nossa.

 FONTE – BLOG DE HERBET MOTA e internet

LUIZ DE OLIVEIRA CAMPOS

  Luiz Campos passou por diversas profissões antes de se tornar cantador e poeta. Sua primeira cantoria foi em Pedreiras, no estado do M...